Em um reduto ao leste de Damasco, o relatório descreve crianças morrendo de doenças evitáveis

Ao menos 250 mil crianças se encontram sitiadas em localidades sírias cercadas por combatentes no conflito que devasta o país, e algumas são obrigadas a se alimentar com ração para animais e capim para conseguir sobreviver, de acordo com a ONG Save the Children. “Elas vivem sob um estado de sítio brutal em zonas da Síria que se transfomaram em verdadeiras prisões a céu aberto”, informa a ONG em um relatório publicado nesta quinta-feira (9). “Encontram-se isoladas em relação ao mundo externo, cercadas por combatentes que usam o sítio como uma arma de guerra”. A Save the Children se baseia nos depoimentos de “pessoas que vivem e trabalham em zonas sitiadas da Síria”. Em um reduto rebelde ao leste de Damasco, o relatório descreve crianças morrendo de doenças evitáveis. “Algumas morreram por desnutrição, outras por falta de medicamentos. Aqui, crianças morreram e raiva por falta de vacinas”, diz o relatório. “As doenças de pele e gástricas se espalham, já que o regime cortou o abastecimento de água, e as pessoas se servem da que fica depositada na superfície. Em geral, contaminada pelo esgoto”.
Crianças são afetadas por inflamações pulmonares
Segundo a ONG, as crianças são particularmente afetadas pelas inflamações e infecções pulmonares causadas pelas emanações de fumaça das explosões. Cuidados em obstetrícia praticamente não existem. “Muitas das mortes são consequência de hemorragias e da impossibilidade de operar. Os partos acontecem nas casas sem contar com uma parteira”, conta Amira, uma mãe de família em que vive em uma zona sitiada ao norte da província e Homs (centro). “Algumas crianças morreram, porque não há incubadoras para os recém-nascidos”, explica Abud, um assistente de saúde que trabalha perto de Damasco. Muitas famílias entrevistadas dizem que ficam sem comer durante todo o dia. Atualmente, na Síria, mais de 450 mil pessoas estão sitiadas, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Na terça (8), um porta-voz do programa alimentar mundial informou que pelo menos 150 mil delas não receberam qualquer ajuda desde meados de fevereiro.
Fonte: Olhar direto, em março de 2016