Um estudo diz que o buraco encolheu cerca de quatro milhões de quilômetros quadrados, desde 2000

O buraco na camada de ozônio sobre a Antártida começou a encolher, trazendo uma boa notícia para o meio ambiente décadas depois de um acordo internacional para eliminar progressivamente a emissão de certos poluentes, disseram pesquisadores esta quinta-feira (30). Um estudo revelou que buraco encolheu cerca de quatro milhões de quilômetros quadrados – uma área do tamanho da Índia – desde 2000. “É ima grande surpresa”, disse a autora principal, Susan Solomon, uma química atmosférica no MIT (Massachusetts Institute of Technology), em uma entrevista à revista científica americana Science. “Eu não achei que isso iria acontecer tão cedo”, acrescentou. O estudo atribui a recuperação da camada de ozônio ao “declínio contínuo do cloro atmosférico proveniente de clorofluorcarbonetos (CFCs)”, ou componentes químicos que eram emitidos por limpeza a seco, geladeiras, spray de cabelos e outros acessórios. Em 1987, a maioria dos países assinaram o Protocolo de Montreal, que proibiu o uso de CFCs. “Agora, podemos estar confiantes de que as coisas que fizemos colocaram o planeta no caminho para a recuperação”, disse Solomon. A coautora Anja Schmidt, pesquisadora em impactos vulcânicos na Universidade de Leeds, concordou, descrevendo o Protocolo de Montreal como “uma verdadeira história de sucesso que proporcionou uma solução para um problema ambiental global”.
Atividade vulcânica
O buraco na camada de ozônio foi descoberto na década de 1950, e alcançou um tamanho recorde em outubro de 2015. Solomon e seus colegas afirmam que o episódio aconteceu devido à erupção do vulcão chileno Calbuco naquele mesmo ano. O vulcão atrasou ligeiramente a recuperação do ozônio, que é sensível ao cloro, a temperatura e à luz do sol. “Injeções vulcânicas de partículas causam uma destruição maior que o normal no ozônio”, disse Schmidt. “Essas erupções são uma fonte esporádica de minúsculas partículas no ar que fornecem as condições químicas necessárias para que o cloro dos CFCs introduzida na atmosfera reaja eficientemente com o ozônio passa por um ciclo regular a cada ano, com sua redução começando em agosto, no final do inverno escuro da Antártida. O buraco normalmente atinge seu tamanho máximo em outubro. A tendência geral em direção à recuperação se tornou evidente quando os cientistas estudaram as medições feitas por satélites, instrumentos terrestres e balões meteorológicos no mês de setembro, em vez de outubro. “Eu acho que as pessoas, eu inclusive, estiveram focadas de mais em outubro, porque é quando o buraco de ozônio é enorme”, disse Solomon, ressaltando que o mês está, porém, sujeito a outras variações, como pequenas alterações meteorológicas. O coautor Ryan Neely, professor de ciência atmosférica em Leeds, disse que o escopo do estudo permitiu à equipe “quantificar os impactos separados de poluentes emitidos pelo homem, de mudanças na temperatura e nos ventos, e de vulcões no tamanho e na magnitude do buraco de ozônio da Antártida”. “Observações e modelos de computador concordam. A cura do ozônio da Antártida começou”, completou.
Fonte: Uol, em julho de 2016