Ele era um grande líder do Parque das Tribus, em Manaus
O cacique Messias Kokama, de 53 anos, morreu na quinta-feira, 14, depois de oito dias ilnternado. É mais uma vítima da Covid-19. Ele era o maior líder do Parque das Tribus, em Manaus, capital do Amazonas. “Hoje, a pororoca do Solimões derrubou uma grande árvore”, disse Vanda Witoto, de 32 anos, no velório. “Foi um guerreiro que lutou até o último suspiro para proporcionar vida digna para seus parentes que vivem às margens dos Igarapés de Manaus”. Sua fala foi colhida e divulgada pelo repórter Fabiano Maisonnave, da “Folha de S. Paulo”, na matéria “Maior comunidade indígena perde cacique para Covid-19”. No velório, com o caixão de madeira lacrado e envolto em plástico as pessoas usavam máscaras com os dizeres “vida indígenas importam”. Messias Kokama era pastor da Igreja Petencostal da Missão. “O cacique que é o primeiro morador do Parque das Tribus a morrer em decorrência da Covid-91”, relata a “Folha”. No Parque das Tribus moram 700 famílias – “de 35 povos indígenas da Amazônia”. “Em litígio, o Parque das Tribus é um dos poucos espaços indígenas de Manaus. Estimas-se que vivam 30 mil indígenas na cidade, muitos em moradias precárias”, assinala a “Folha”.
Epidemias
Witoto disse ao repórter sobre como os indígenas estão enfrentando a pandemia do novo coronavírus: “Vamos continuar lutando. Nós já enfrentamos várias epidemias, várias gripes, vários povos foram dizimados por conta delas. Para os povos indígenas, tudo é luta. Lutamos todos os dias, todos os anos por nossas vidas. A gente fala que são 520 anos de luta. É uma sociedade que nos renega, uma sociedade que nos torna invisíveis, nos menospreza. Esse vírus é só mais uma luta pros nossos povos, é só mais uma luta”. Ao dizer isto, relata Fabiano Maisonnave, a auxiliar de enfermagem estava com a “voz embargada e lágrimas nos olhos”.
Fonte: Jornal Opção, em maio de 2020