
Chuvas das monções e planejamento urbano defeituoso e corrupção inundaram a cidade
Nos últimos dias Danial Haris e sua mulher tiveram de se mudar para o primeiro andar. Na megalópole de Karachi, onde moram as chuvas das monções juntamente com um planejamento urbano defeituoso e uma corrupção endêmica, inundaram a cidade – como acontece todos os anos. Em sua casa, a água estagnada atinge a altura do joelho no térreo, danificando todos seus móveis. “É a primeira vez que a casa fica inundada” lamenta este empresário em torno dos 30 anos. A culpa, segundo Haris, é um “prédio construído recentemente e de foram ilegal” no bairro, que “bloqueia a água da chuva”. Em todos os bairros da cidade, as mesmas cenas se repetem: os pedestres mal conseguem atravessar as ruas, às vezes com água até o tronco, e os carros são carregados pelas enchentes. Diante dessa situação, o Exército foi chamado como reforço. Há tempos, as tubulações de esgoto estão bloqueadas por dejetos, já que a prefeitura não consegue coletar todo lixo dessa cidade de 20 milhões de habitantes.
Chuvas de monções
As monções são intensas no sul da Ásia. E Karachi, ano após ano, acaba parcialmente submersa nas águas. Nos últimos dias foi ainda pior, e os serviços meteorológicos registraram na cidade, na última quinta-feira (27), cerca de duas vezes o total da precipitação (230 mm) da média de julho-agosto (130). Em um único dia, 18 pessoas morreram na cidade: afogadas, eletrocutadas, ou soterradas por escombros. Em agosto, mais de 100 paquistaneses morreram devido às monções, principalmente em Karachi. A cidade, a primeira capital do Paquistão em 1947 após sua independência de Reino Unido e da participação com a Índia, “foi negligenciada desde que foi despojada de seu status”, afirma Izharul Haq, uma figura da oposição local.
Fonte: EM, em setembro de 2020