O projeto lançado em dezembro de 2016, prevê expandir em cinco vezes a capacidade gerada por energia renováveis até 2027
Até pouco tempo arás o noticiário sobre o setor energético da Índia se resumia basicamente ao poluente carvão, que é a principal fonte de energia por lá. Isso começou a mudar quando o país anunciou seu plano bilionário para alavancar a energia solar, em meados de 2015. Hoje seguindo tendência mundial a Índia começa a colher os frutos. O pais acaba de ultrapassar o patamar de 50 gigawatts (GW) de capacidade instalada de energia renováveis (excluindo hidrelétricas), representando 15% da matriz energética. A energia solar, com preços em queda, está puxando o setor. Para se ter uma ideia, as ofertas iniciais para o primeiro grande leilão solar de 2017 mostram um recorde de baixa: US$ 53.50/MWh, 16% menor em relação ao ano anterior, conforme dados do Instituto de Economia e Análise Financeira de Energia (IEEFA). O projeto de Plano Nacional de Eletricidade da Índia, lançado em dezembro de 2016, prevê expandir em cinco vezes a capacidade gerada por energias renováveis para 258 GW até 2027. Isso reduziria a atual participação de 66% das térmicas na geração de energia na Índia para 43%, o que ajudaria a tornar o país independente das importações de carvão. “Os custos por unidade de energia estão caindo. Esses preços são comercialmente viáveis e provavelmente vão diminuir novamente em 2018, e depois em 2019, já que os custos da energia solar vêm caindo globalmente em 10% ao ano”, prevê Tim Buckley, diretor de Estudos de Finanças de Energia (IEEFA), em comunicado à imprensa. A questão também assume importância tremenda dado os compromissos assumidos pela Índia na Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – o país é o maior emissor de gases de efeito estufa após os EUA e a China. Considerando que a demanda indiana por eletricidade deverá crescer 3,8 vezes entre 2017 e 2040, quanto mais renováveis melhor para o país e melhor para o planeta.
Custos e Projetos
Diversos fatores contribuem para queda no custo da eletricidade solar na Índia. Em primeiro lugar, os preços dos painéis solares caíram 30% em relação a 2016. Em segundo lugar, os custos dos financiamentos também caíram e a taxa e câmbio da Índia se estabilizou, permitindo que os valores em dólar da tecnologia, gerassem um valor menor em rupia indiana. As perspectivas são promissoras. Na próxima década as necessidades de investimento do setor elétrico indiano deverão se aproximar de US$ 1 trilhão – uma oportunidade de investimento suficientemente grande para chamar atenção das grandes multinacionais.
Fonte: Exame, em fevereiro de 2017