
Existem objetos de seis mil anos, que remontam ao período Neolítico, e outros mais recentes
Pesquisadores das Universidades de Cambridge, no Reino Unido, de Oslo e de Bergen, ambas na Noruega, encontraram um total de 68 hastes de flechas, algumas com pontas de flechas ainda presas ou próximas, e muitos outros artefatos perto de um imenso bloco de gelo que derreteu na área montanhosa de Jatunheimen, região sul da Noruega. Há objetos de seis mil anos que remontam ao período Neolítico e outros mais recentes, do século XIV, na Era Viking. A descoberta foi relatada em um estudo publicado nesta quarta-feira (25) na revista científica The Helocene. As descobertas representam um “tesouro”, garante William Taylor, da Universidade do Colorado em Boulder, EUA, que não esteve envolvido no trabalho, citado pelo portal New Scientist. Taylot observa que é muito incomum se recuperar tantos artefatos em um local. Os cientistas realizam expedições na área para examinar o bloco de gelo em 2014 e 2016, ambos verões particularmente quentes na região. Na altura encontraram muitos osssos e chifres de renas, o que sugere que os caçadores usaram o gelo ao longo de milênios e que a área serviu como um importante campo de caça. “Tenho estudado as geleiras norueguesas nos últimos 40 anos. É muito assustador ver a rapidez com que os blocos de gelo podem derreter, de um dia para o outro”, comenta Atle Nesje, coautor no estudo, citado pela revista National Geographic.
Preservação
Entre os novos itens encontrados estão pontas de flechas de vários materiais, incluindo osso, ardósia, ferro, quartzito e uma feita de concha de mexilhão. Algumas pontas de flecha ainda estão com o barbante e o alcatrão usados para prendê-la à haste de madeira. Outros artefatos do local incluem um sapato de três mil anos muito bem preservado e tecidos que os arqueólogos dizem que podem ter sido usados para embalar carne. Como o gelo que bloqueia os artefatos mudou e se deformou com o tempo, as flechas se moveram dos locais onde caíram originalmente. Isso torna difícil inferir muito sobre a atividade associada a eles, comenta Lars Holger Pilo, autor principal do estudo. “O gelo é um preservador de artefatos, mas ao mesmo tempo é um destruidor da história”, comenta.
Fonte: Sputnik, em novembro de 2020