Apesar da queda registrada, o desmatamento continua danificando grandes superfícies todos os anos

O governo federal informou, nesta terça-feira, que o desmatamento na Amazônia diminuiu 16% entre julho de 2016 e agosto deste ano, e defendeu sua politica ambiental, após uma recente onda de críticas aso cortes orçamentários. “O desmatamento, que no ano passado tinha aumentado 19%, este ano caiu 16%. Portanto, todos os indicadores a respeito do desmatamento da Amazônia durante a nossa gestão diminuíram”, disse o ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, na sede do governo, em Brasília. Este ano, o Executivo anunciou um corte de 43% no orçamento do Ministério do Meio Ambiente, e nos últimos meses voltou atrás em um polêmico projeto que extinguia a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca) localizada na divisa entre Sul e Sudoeste do Amapá com o Nordeste do Pará, para autorizar a mineração privada. Sarney Filho indicou que as versões que circulam de que as unidades de conservação estão diminuindo e o governo está vendendo a Amazônia “não condizem com a realidade”. “Hoje podemos dizer com certeza que não houve nenhum retrocesso ambiental”, acrescentou. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), subordinado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, que faz um mapeamento com satélites do uso da terra e a cobertura vegetal na Amazônia e confirmam uma tendência que já tinha sido prevista pela ONG Imazon. A ONG IPAM Amazônia publicou um comunicado pouco depois afirmando que “não há real motivo para celebração” porque, apesar da queda registrada, o desmatamento continua danificando grandes superfícies.
Desmatamento da floresta
“Adicionemos 6.624 quilômetros quadrados desmatados na Amazônia – somando tudo é uma Alemanha e um Portugal destruídos”, indicou o pesquisador do IPAM Paulo Moutinho. “Estamos destruindo a floresta em um ritmo mais lento, mas a destruição continua”, acrescentou. Segundo o IPAM, o Brasil desmatou 7.893 km2 na Amazônia em 2016, e outros 6.207 km2 no ano anterior. “Essa taxa ainda é muito mais alta do que a meta proposta pelo próprio governo, em 2009, de chegar a 3.500 km2 em 2020”, concluiu Moutinho.
Fonte: Istoé, em outubro de 2017