O naufrágio de quatro embarcações resultou no desaparecimento de 400 migrantes no Mediterrâneo

Um ano depois aconteceu uma nova tragédia de grande dimensão no Mar Mediterrâneo. Esta segunda-feira, 18 de Abril, o naufrágio de pequenas embarcações na costa do Egipto, no Mediterrâneo, resultou no desaparecimento de mais de 400 migrantes, na sua maioria de origem somali. De acordo com o Corriere della Sera, estes migrantes seguiam a bordo de quatro pequenas embarcações que, segundo testemunhas locais, pretendiam seguir rumo à Itália. Este jornal transalpino cita o Mail Online que, por sua vez, cita a BBC Arabic, que garante que apesar do imediato socorro apenas foram salvos cerca de 30 migrantes. Além de somalis, haveria também cidadãos originários da Eritreia e da Etiópia. Entretanto, mostra o Corriere della Sera num vídeo em directo, já estão a desembarcar na ilha italiana de Lampedusa os sobreviventes do naufrágio. O presidente italiano, Sergio Mattarella, já reagiu a este incidente dizendo que “é fundamental pensar” no sucedido recordando a tragédia de há um ano que causou a morte a cerca 800 pessoas no seguimento de um naufrágio no Mediterrâneo, dessa vez ao longo do mar líbio. Naufrágio esse que resultou do embate contra um porta-contentores e que provocou, pela primeira vez em muito tempo, reações de forte condenação à inacção europeia perante o número crescente de mortes no Mediterrâneo. Contudo, apesar da “acção conjunta” promovida pela União Europeia, o deslocar do foco principal de Lampedusa para as ilhas gregas, onde se concentra hoje o maior número de chegadas de requerentes de asilo à Europa, com o objetivo dos migrantes de aí iniciarem a rota dos Balcãs, contribuiu para que o problema persista. Também Federica Mogherini, Alta Representante para a Segurança e Política Externa da União Europeia, já reagiu sublinhando que apesar de já ter sido feito bastante de um ano a esta parte há ainda “muito para fazer”. Já Paolo Gentiloni, ministro italiano dos Negócios Estrangeiros, considera que esta tragédia serve para “dizer à Europa que neste momento não deve levantar muros mas multiplicar os esforços”. Ainda assim, Gentiloni, citado pelo La Repubblica, prefere não se alongar sobre números relativos ao naufrágio porque “ainda estamos à espera de notícias, sobretudo das autoridades egípcias”, mas garante que este representa mais um fator para que sejam seriamente discutidas as propostas sobre migração apresentadas por Roma. Dados actualizados a 15 de Abril último pela Organização Internacional das Migrações (OIM) mostram que somente em 2016 já morreram 737 migrantes ao largo do Mediterrâneo, em especial ao largo do mar da Sicília e do Mar Egeu, entre a Turquia e a Grécia. No mesmo período chegaram a solo europeu via marítima mais de 178 mil migrantes.
Fonte: Jornal de negócios, em abril de 2016