
Ficou contabilizado oficialmente sete mortos, 56 quartéis-generais da policia “vandalizados” e 70 detidos
Ao menos sete pessoas morreram, centenas ficaram feridas a tiros e vários postos de policia ficaram destruídos após uma onda de tumultos entre a noite de quarta-feira 9 e a madrugada desta quinta-feira, 10, em Bogotá, na Colômbia. Os distúrbios sucederam um protesto pacífico contra a violência policial, pauta que voltou à sociedade colombiana após dois policiais matarem um homem de 46 anos. Filmagens compartilhadas por testemunhas nas redes sociais mostram pessoas aterrorizadas fugindo em meio aso disparos, além de uma sequência de ataques a postos de comando da policia conhecidos como Centros de Atenção Imediata (CAI). O governo nacional, comandado pelo presidente, Iván Duque, contabilizou oficialmente sete mortos, 56 quartéis-generais da policia “vandalizados” e 70 detidos. A prefeita de Bogotá, Claudia López Hernandez, opositora de Duque, informou que seis dos mortos sofreram ferimentos a bala e tinham entre 17 e 27 anos. López Hernandez acrescentou que 362 pessoas ficaram feridas no episódio, dentre eles 248 civis e 114 autoridades de segurança. Um dos feridos é Frankpierri Charry, 23 anos, que segundo sua família foi agredido no sul de Bogotá, e está à beira da morte em um hospital. “A policia começou a atirar loucamente, ele fugiu, desceu um quarteirão, encontrou dois policiais que estavam escondidos e atiraram nele”, disse sua mãe, Blanca Chavigo. “Os médicos dizem que atiraram nas costas dele, de muito perto, e atingiram seu estômago, seus intestinos, seu cólon”.
Manifestações
As manifestações e os distúrbios foram despertados pela morte de Javier Ordóñez, um homem de 46 anos, pai de dois adolescentes e que, segundo destacam o jornal The New York Times, estava a um exame de conseguir um diploma em Direito. Ordóñez foi abordado por dois policiais no noroeste de Bogotá entre a noite de terça-feira 8 e a madrugada de quarta-feira. Um vídeo de dois minutos e 18 segundo mostra as autoridades o imobilizando e disparando contra ele pelo menos cinco tiros com uma arma de choque. Ouve-se Ordóñez suplicando, repetidas vezes: “Chega, por favor”. López Hernandez declarou nesta quinta-feira que os policiais denunciados usavam força e armas de fogo indiscriminadamente. “Há evidências sólidas de uso indiscriminado de armas de fogo por membros da policia…Que tipo de treinamento eles recebem para ter aquela resposta absolutamente desproporcional a um protesto?, disse López.
Fonte: Veja, em setembro de 2020