Cerca de 60% das mortes evitadas foram no Brasil
A redução do desmatamento na Amazônia já foi associada a muitas causas positivas, mas os cientistas não esperavam que a redução das queimadas fosse capaz de diminuir significativamente o número de mortes por doenças respiratórias e cardíacas. Foram poupadas até 1.700 vidas por ano na América do Sul com a redução das queimadas, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (16), na revista Nature Geoscience. Cerca de 60% das mortes evitadas (cerca de 1.000) foram no Brasil. “Nenhum trabalho cientifico anterior havia estimado o impacto na saúde em termos continentais dessa redução”, afirma Paulo Artaxo, físico da Universidade de São Paulo (USP) que participou do estudo. Carly Redington, da Universidade de Leeds, no Reino Unido, complementa: “Ficamos surpresos pela relação entre taxas de desmatamento e a quantidade de partículas na atmosfera ser tão forte”. A fumaça é tão forte e tão extensa por grandes áreas da América do Sul que é facilmente detectada por satélites. Os pesquisadores britânicos e brasileiros analisaram imagens do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), da Agência Espacial Americana (Nasa) e do Google, além de sobrevoarem a Amazônia para examinar a quantidade de fumaça na atmosfera. Eles usaram modelos atmosféricos de circulação global e a queda dos níveis de poluentes foi combinada com índices de mortalidade associada à exposição às partículas. Os dados analisados foram de 2001 e 2012.
Maior impacto no Brasil
Os maiores beneficiados pela queda das queimadas são os habitantes do Sul deste, onde há maior concentração populacional. “Os primeiros afetados são os vizinhos das queimadas, mas, como as partículas viajam por quilômetros, os locais com maior densidade são mais atingidos. Assim, a maior parte das mortes são evitadas na região de São Paulo”, explica o britânico Dominick Spracklen. “O maior impacto positivo é para a população brasileira, mas toda a América do Sul é beneficiada completa. Na América do Sul, a maior área de emissão de partículas devido a queimadas é o sudeste da Amazônia, onde há um desmatamento rápido. Após anos de redução do desmatamento, o país ameaça estacionar. “O Brasil ainda está desmatando cerca de 5.000 km² de florestas por ano. É muito menor que 27.000 km² por ano em 2004-2005, mas ainda é muito diz Artaxo. “Este estudo é uma gota a mais nos argumentos para reduzir desmatamento e queimadas na Amazônia”. Queimadas de desmatamento representam 20% do total de emissão de fumaça de queimadas no mundo, mas são 64% do total de emissões no Brasil, o que significa que elas representam o maior impacto sobre a qualidade do ar no país.
Fonte: Uol.com.br, em setembro de 2015