Mais de um quarto da população rural, corre risco de fome e a escassez de água e pastos em todos os parques nacionais

O governo do Zimbabué anunciou hoje (04/05) que vai vender parte de sua fauna selvagem para obter receitas e dedicar à conservação, numa tentativa de enfrentar a seca provocada pelo El Niño, que ameaça quer pessoas quer os animais. A intenção da Autoridade de Gestão dos Parques Nacionais do Zimbabué é convidar os potenciais clientes a apresentarem propostas para a compra de animais selvagens, cujas espécies ainda não foram indicadas, uma decisão criticada por várias organizações ambientalistas. O diretor da Força Especial para Conservação do Zimbabué (ZCTF, na sigla em inglês), o ativista de origem portuguesa Johnny Rodrigues, considerou tratar-se de um movimento para espoliar os recursos do país. “É fácil ver o que está por trás disto: a ganância e a corrupção de alguns poucos caciques que farão bom dinheiro, que é certo que não se destinará à conservação” dos parques, disse Rodrigues à agência noticiosa espanhola EFE. O governo exige que os eventuais compradores demonstrem possuir terrenos e infraestruturas adequadas para cuidar dos animais. Isto implica, segundo Rodrigues, que a maior parte dos animais seja vendida a compradores internacionais, já que a maioria das 640 reservas privadas existentes no Zimbabué é demasiado pequena devido à lei de redistribuição de terras. A seca devido ao fenômeno meteorológico El Nino tem vindo a afetar significamente o leste e sul da África. No Zimbabué, 2,8 milhões de pessoas – mais de um quarto da população rural – corre o risco de fome e a escassez de água e pastos em todos os parques nacionais faz temer uma situação semelhante à de 1992, quando morreram milhares de animais.
Fonte: Sapo, em maio de 2016